GNR regista vandalismo em máquinas de prospeção de lítio

Danos em equipamentos da Savannah em Covas do Barroso geram controvérsia e críticas à resistência ao projeto mineiro.

há 6 dias
GNR regista vandalismo em máquinas de prospeção de lítio

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Resumo

A Guarda Nacional Republicana (GNR) registou danos em duas máquinas de perfuração e um trator em Covas do Barroso, Boticas, durante trabalhos de prospeção de lítio da empresa Savannah. O incidente, que ocorreu na noite de quarta para quinta-feira, foi atribuído a ativistas contra a mina de lítio, segundo um e-mail recebido pela agência Lusa. Apesar do vandalismo, a Savannah afirmou que as operações prosseguem normalmente e expressou solidariedade ao proprietário do trator danificado. A empresa defendeu que está a operar legalmente e criticou os atos de vandalismo, considerando-os criminosos. O projeto de exploração de lítio tem gerado controvérsia entre residentes e ambientalistas, com várias manifestações e processos judiciais nos últimos anos. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental favorável em 2023, e a Comissão Europeia incluiu os projetos de exploração de lítio em Boticas no primeiro lote de iniciativas estratégicas.

A Guarda Nacional Republicana (GNR) levantou um auto de notícia esta quinta-feira, após danos verificados em duas máquinas de perfuração e um trator que realizavam trabalhos de prospeção de lítio ao serviço da empresa Savannah, na localidade de Covas do Barroso, em Boticas. A informação foi confirmada por uma fonte do Comando de Vila Real da GNR, que indicou que os danos ocorreram durante a noite de quarta para quinta-feira.

De acordo com o relato, alguém danificou os equipamentos, levando a uma intervenção de uma patrulha do posto de Boticas, que se deslocou ao local para registar a ocorrência. A agência Lusa recebeu um e-mail que alegava que ativistas contra a mina de lítio tinham invadido a área de concessão e destruído as máquinas, um ato que representa um aumento da resistência ao projeto que visa explorar as serras do Barroso.

A empresa Savannah, em resposta ao incidente, afirmou que, apesar do vandalismo, as operações no terreno continuaram normalmente. A empresa esclareceu que as máquinas danificadas eram subcontratadas, mas também incluíam um trator de um residente local, com quem a Savannah expressou total solidariedade. A empresa sublinhou que está a realizar um trabalho legitimado pelo Estado em terrenos onde possui autorização para operar, e espera que as autoridades competentes garantam a proteção de pessoas e bens, fazendo cumprir a lei.

A Savannah criticou os atos de vandalismo, referindo que os indivíduos que se vangloriam de tais ações não são ativistas, mas sim criminosos. A empresa lamentou que este tipo de resposta ocorra em virtude do seu empenho em criar mais empregos na região e em desenvolver um diálogo construtivo com a comunidade local.

O projeto de exploração de lítio em Covas do Barroso tem sido alvo de contestação por parte de residentes, autarcas e ambientalistas. Nos últimos sete anos, diversas manifestações e processos judiciais foram realizados contra a exploração mineira na área. O projeto foi viabilizado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada em 2023. Em fevereiro, os trabalhos de prospeção foram suspensos durante 15 dias devido a uma providência cautelar interposta por três proprietários, contestando a servidão administrativa concedida pelo Ministério do Ambiente, que permite à Savannah aceder a terrenos privados e baldios.

Após a suspensão, e com a resposta do ministério à providência, a empresa retomou as suas atividades de prospeção. Recentemente, a Comissão Europeia incluiu os projetos de exploração de lítio em Boticas e Montalegre no primeiro lote de projetos considerados estratégicos, de acordo com o Regulamento Europeu das Matérias-Primas Críticas.