A justiça francesa proferiu, na quinta-feira, uma sentença de 25 anos de prisão contra Myriam Jaouen, uma ex-trabalhadora de uma creche, pelo homicídio de uma bebé de apenas 11 meses, ocorrido em 2022. O tribunal de Rhône, em Lyon, considerou a mulher culpada de "tortura e ato bárbaro que levou à morte sem intenção de causá-la", apesar de o Ministério Público ter solicitado uma pena de 30 anos, com 20 anos obrigatórios.
Durante o julgamento, o procurador Baptiste Godreau expressou a perplexidade que o crime gerou, afirmando que há um "elemento insondável que nos escapa". Ele sublinhou que a acusada agiu "de consciência tranquila" e que a gravidade do ato exigia uma pena severa, não apenas para punir a autora, mas também para proteger a sociedade e os interesses da família da vítima. Jaouen admitiu, sob custódia policial, ter forçado a bebé a ingerir soda cáustica, um desentupidor de canos, embora insistisse que não tinha a intenção de matar.
A mulher apresentou várias versões dos acontecimentos antes de finalmente confessar que segurou a cabeça da criança e deitou o líquido corrosivo diretamente na sua boca, alegando que não suportava o choro da menina. O procurador questionou a capacidade de uma profissional com formação em primeira infância de lidar com a situação, referindo-se à "cobardia" da arguida, que não pediu ajuda após o incidente e ainda se dedicou a atividades normais, como fazer compras, ignorando a "agonia" da criança.
A advogada dos pais da bebé, Catherine Bourgade, lamentou a falta de clareza nas respostas de Jaouen durante o julgamento, afirmando que a primeira pessoa a questionar-se sobre o que aconteceu deveria ser a própria acusada. Jean Sannier, advogado da associação Inocência em Perigo, reforçou que não há justificativa para o ato cometido, afirmando que "não se mata uma criança numa creche".
A gravidade do crime foi igualmente reconhecida por Sidonie Leblanc, da associação Criança Azul Infância Maltratada, que descreveu o ato como "uma crueldade indescritível". O julgamento revelou a fragilidade emocional de Jaouen, que, na altura dos fatos, vivia com os pais e apresentava capacidades cognitivas limitadas, tendo um histórico escolar difícil e uma experiência intermitente no setor da primeira infância.
O trágico incidente ocorreu a 22 de junho de 2022, quando a funcionária estava sozinha na creche e recebeu a bebé, que, segundo o pai, "não chorava". Pouco depois, outras mães que chegaram ao local encontraram Jaouen em pânico, com a criança a vomitar. A bebé, que sofreu queimaduras graves, faleceu no hospital algumas horas depois. A tragédia gerou uma onda de indignação e levou a inquéritos sobre as condições de segurança nas creches privadas. Os pais da menina, em luto, tentaram trazer à tona a responsabilidade criminal da mulher que tirou a vida à sua filha, recordando-a como uma criança alegre, que faleceu uma semana antes do seu primeiro aniversário.
Resumo
A justiça francesa condenou Myriam Jaouen, uma ex-trabalhadora de uma creche, a 25 anos de prisão pelo homicídio de uma bebé de 11 meses, ocorrido em junho de 2022. O tribunal de Rhône, em Lyon, considerou-a culpada de "tortura e ato bárbaro que levou à morte sem intenção de causá-la", apesar do Ministério Público ter solicitado uma pena de 30 anos. Durante o julgamento, o procurador Baptiste Godreau expressou perplexidade quanto ao crime, sublinhando a necessidade de uma pena severa para proteger a sociedade. Jaouen admitiu ter forçado a bebé a ingerir soda cáustica, alegando que não suportava o choro da criança. A defesa e advogados de associações de proteção infantil criticaram a gravidade do ato, considerando-o uma "crueldade indescritível". O incidente gerou indignação e levantou questões sobre a segurança nas creches privadas, enquanto os pais da vítima lamentam a perda da sua filha, que deveria ter celebrado o primeiro aniversário uma semana após a tragédia.