Exército de Myanmar prossegue ataques apesar de cessar-fogo

Grupos rebeldes denunciam ataques do Exército em Kachin após sismo devastador.

há 6 dias
Exército de Myanmar prossegue ataques apesar de cessar-fogo

© Lauren DeCicca/Getty Images

Resumo

Após o sismo de magnitude 7,7 que atingiu Myanmar em 28 de março, o Exército de Myanmar continua a realizar ataques aéreos e terrestres no estado de Kachin, apesar da declaração de um cessar-fogo temporário. O porta-voz do Exército de Independência de Kachin (KIA), Naw Bu, denunciou que os confrontos persistem, dificultando a entrega de ajuda humanitária a mais de 17 milhões de pessoas afetadas. Desde o sismo, que causou a morte de pelo menos 3.145 pessoas, a violência não cessa, com a junta militar a tentar consolidar o controle sobre áreas estratégicas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou a junta de realizar 61 ataques em regiões afetadas, dificultando ainda mais o acesso humanitário. A situação é alarmante, com a comunidade internacional a exigir um diálogo político e um cessar-fogo duradouro. Enquanto isso, na Tailândia, as autoridades continuam a procurar sobreviventes entre os desaparecidos após o colapso de um edifício em Banguecoque, também afetado pelo tremor.

Vários grupos rebeldes birmaneses denunciaram hoje que o Exército de Myanmar continua a realizar ataques aéreos e terrestres em regiões do estado de Kachin, mesmo após a declaração de um cessar-fogo temporário, em resposta ao devastador sismo de magnitude 7,7 que atingiu a região em 28 de março. Naw Bu, porta-voz do Exército de Independência de Kachin (KIA), afirmou que os confrontos persistem, contrariando a promessa de paz que deveria facilitar a entrega de ajuda humanitária a mais de 17 milhões de pessoas afetadas pela catástrofe.

Os ataques, segundo Naw Bu, têm como alvo as cidades de Bhamo e Indawgyi, além de ofensivas em Waingmaw, nas proximidades da capital do estado, Myitkyina. "Vimos que emitiram um comunicado a anunciar um cessar-fogo. No entanto, os ataques não pararam", declarou o porta-voz, enfatizando a necessidade de defesa por parte dos rebeldes. A situação é alarmante, com os grupos rebeldes alertando que o Exército está a tentar consolidar o controle sobre um corredor estratégico na região, enquanto as forças do Governo de Unidade Nacional, atualmente no exílio, suspenderam suas operações.

Desde o sismo, que causou a morte de pelo menos 3.145 pessoas e deixou 4.589 feridos, a violência não cessa. A junta militar, que tomou o poder em um golpe de Estado em fevereiro de 2021, já havia reportado 3.085 mortos, mas organizações de direitos humanos e agências de notícias, como o portal Myanmar Now, indicam números ainda mais elevados. O impacto do sismo foi devastador, com danos a mais de 21.800 casas, escolas, hospitais e templos, exacerbando uma crise humanitária que já se arrastava devido ao conflito civil.

A situação foi ainda mais agravada por uma recente declaração do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que acusou a junta militar de realizar 61 ataques em áreas afetadas pelo sismo, incluindo 16 após o anúncio do cessar-fogo. A porta-voz da ONU, Ravina Shamdasani, destacou que os militares continuam a restringir o acesso a essas áreas, dificultando a ajuda humanitária e exacerbando a crise de abastecimento de água e alimentos.

Enquanto isso, na Tailândia, as autoridades confirmaram que não conseguiram localizar sobreviventes entre os quase 80 desaparecidos após o colapso de um arranha-céus em construção em Banguecoque, que também foi afetado pelo tremor. O governador da cidade, Chadchart Sittipunt, expressou a tristeza pela situação, afirmando que as equipas de resgate não detectaram sinais vitais nas áreas de busca. Com a recuperação de 15 corpos até agora, as operações estão a mudar de foco, concentrando-se na recuperação de corpos e na demolição de partes do edifício.

O sismo, que teve repercussões em vários países do Sudeste Asiático, incluindo a Tailândia, onde 22 pessoas perderam a vida, trouxe à tona a necessidade urgente de um diálogo político e de um cessar-fogo duradouro em Myanmar. O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia solicitado que a suspensão dos combates levasse a um diálogo sério, enquanto a comunidade internacional observa com preocupação a escalada da violência e a crise humanitária em curso.