Portugal enfrenta um desafio significativo na redução da mortalidade materna, conforme revelado pelo recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado "Tendências na Mortalidade Materna 2000-2023". O estudo, que analisa dados de 195 países, destaca que Portugal é um dos apenas nove países onde o risco de mortalidade materna não diminuiu entre 2000 e 2023, mantendo-se estável ao longo do tempo. Enquanto a taxa global de mortalidade materna caiu em 35 países em mais de 70%, Portugal viu um aumento na taxa de mortes maternas, passando de nove mortes por 100.000 nados vivos em 2000 para 15 em 2023.
A análise da OMS revela que, globalmente, cerca de 260.000 mulheres morreram devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto em 2023, com 92% dessas mortes ocorrendo em países de baixo e médio rendimento. A maioria dessas fatalidades poderia ter sido evitada, evidenciando as desigualdades persistentes no acesso a cuidados de saúde de qualidade. O relatório sublinha que a África Subsariana e o Sul da Ásia são as regiões mais afetadas, representando 87% das mortes maternas.
O documento também destaca que, apesar do progresso global na redução da mortalidade materna, o ritmo de melhoria diminuiu significativamente desde 2016. A OMS alerta que os cortes no financiamento humanitário estão a impactar gravemente os cuidados de saúde essenciais, especialmente na saúde materna, neonatal e infantil. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatiza que, embora existam soluções para prevenir a maioria das mortes maternas, a gravidez continua a ser uma experiência perigosa em muitas partes do mundo.
Além disso, o relatório aponta que a hemorragia, a hipertensão e as infeções são as principais causas de morte materna, e que a maioria dessas condições é tratável. A OMS e outras agências da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Grupo do Banco Mundial, estão a trabalhar em conjunto para abordar estas questões e melhorar a sobrevivência materna global.
A situação em Portugal, onde a mortalidade materna se manteve estável, levanta preocupações sobre a eficácia dos serviços de saúde e a necessidade de um reforço nas políticas de saúde pública. As autoridades de saúde devem agora avaliar as causas subjacentes a esta estagnação e implementar medidas eficazes para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde adequados durante a gravidez e o parto.
Resumo
Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado "Tendências na Mortalidade Materna 2000-2023", revela que Portugal enfrenta um desafio significativo na redução da mortalidade materna, sendo um dos nove países onde o risco não diminuiu entre 2000 e 2023. A taxa de mortes maternas em Portugal aumentou de nove por 100.000 nados vivos em 2000 para 15 em 2023, enquanto a taxa global caiu em 35 países. O estudo indica que, globalmente, cerca de 260.000 mulheres morreram devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto em 2023, com a maioria das mortes ocorrendo em países de baixo e médio rendimento. A OMS destaca que a hemorragia, a hipertensão e as infeções são as principais causas de morte materna, a maioria tratável. O relatório sublinha a necessidade urgente de reforçar os serviços de saúde em Portugal e implementar políticas eficazes para garantir o acesso a cuidados adequados durante a gravidez e o parto, especialmente face ao impacto negativo dos cortes no financiamento humanitário nos cuidados de saúde essenciais.