Portugal enfrenta estagnação na mortalidade materna, alerta OMS

Relatório da OMS revela que mortalidade materna em Portugal não diminuiu desde 2000, levantando preocupações sobre cuidados de saúde.

há 3 dias
Portugal enfrenta estagnação na mortalidade materna, alerta OMS

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Resumo

Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado "Tendências na Mortalidade Materna 2000-2023", revela que Portugal enfrenta um desafio significativo na redução da mortalidade materna, sendo um dos nove países onde o risco não diminuiu entre 2000 e 2023. A taxa de mortes maternas em Portugal aumentou de nove por 100.000 nados vivos em 2000 para 15 em 2023, enquanto a taxa global caiu em 35 países. O estudo indica que, globalmente, cerca de 260.000 mulheres morreram devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto em 2023, com a maioria das mortes ocorrendo em países de baixo e médio rendimento. A OMS destaca que a hemorragia, a hipertensão e as infeções são as principais causas de morte materna, a maioria tratável. O relatório sublinha a necessidade urgente de reforçar os serviços de saúde em Portugal e implementar políticas eficazes para garantir o acesso a cuidados adequados durante a gravidez e o parto, especialmente face ao impacto negativo dos cortes no financiamento humanitário nos cuidados de saúde essenciais.

Portugal enfrenta um desafio significativo na redução da mortalidade materna, conforme revelado pelo recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado "Tendências na Mortalidade Materna 2000-2023". O estudo, que analisa dados de 195 países, destaca que Portugal é um dos apenas nove países onde o risco de mortalidade materna não diminuiu entre 2000 e 2023, mantendo-se estável ao longo do tempo. Enquanto a taxa global de mortalidade materna caiu em 35 países em mais de 70%, Portugal viu um aumento na taxa de mortes maternas, passando de nove mortes por 100.000 nados vivos em 2000 para 15 em 2023.

A análise da OMS revela que, globalmente, cerca de 260.000 mulheres morreram devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto em 2023, com 92% dessas mortes ocorrendo em países de baixo e médio rendimento. A maioria dessas fatalidades poderia ter sido evitada, evidenciando as desigualdades persistentes no acesso a cuidados de saúde de qualidade. O relatório sublinha que a África Subsariana e o Sul da Ásia são as regiões mais afetadas, representando 87% das mortes maternas.

O documento também destaca que, apesar do progresso global na redução da mortalidade materna, o ritmo de melhoria diminuiu significativamente desde 2016. A OMS alerta que os cortes no financiamento humanitário estão a impactar gravemente os cuidados de saúde essenciais, especialmente na saúde materna, neonatal e infantil. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatiza que, embora existam soluções para prevenir a maioria das mortes maternas, a gravidez continua a ser uma experiência perigosa em muitas partes do mundo.

Além disso, o relatório aponta que a hemorragia, a hipertensão e as infeções são as principais causas de morte materna, e que a maioria dessas condições é tratável. A OMS e outras agências da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Grupo do Banco Mundial, estão a trabalhar em conjunto para abordar estas questões e melhorar a sobrevivência materna global.

A situação em Portugal, onde a mortalidade materna se manteve estável, levanta preocupações sobre a eficácia dos serviços de saúde e a necessidade de um reforço nas políticas de saúde pública. As autoridades de saúde devem agora avaliar as causas subjacentes a esta estagnação e implementar medidas eficazes para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde adequados durante a gravidez e o parto.