O recente aumento de casos de femicídio em Itália tem gerado uma onda de indignação e reflexão sobre a violência de género no país. Nos últimos dias, o assassinato de duas jovens, Sara Campanella e Ilaria Sula, trouxe à tona a gravidade deste fenómeno, que se revela profundamente enraizado na cultura italiana. Sara, uma estudante de 22 anos da Faculdade de Ciências de Enfermagem da Universidade de Messina, foi morta a facadas em plena luz do dia, enquanto Ilaria, também de 22 anos, foi encontrada morta dentro de uma mala, após ter sido dada como desaparecida. Ambos os casos evidenciam a necessidade urgente de uma resposta eficaz por parte das autoridades.
O assassinato de Sara Campanella, perpetrado por um colega de curso que a assediava há dois anos, e o caso de Ilaria, cujo ex-parceiro confessou o crime, elevam o número de femicídios em Itália para 11 desde o início do ano. Este aumento é alarmante, especialmente considerando que cinco desses casos ocorreram desde o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. Na mesma data, o governo italiano, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, aprovou uma proposta de lei que define o femicídio no direito penal e prevê penas de prisão perpétua para os culpados. No entanto, a eficácia desta medida é questionada por muitos, que argumentam que a abordagem deve ser mais abrangente e incluir educação e prevenção.
Estudos recentes indicam que, embora a taxa geral de homicídios tenha diminuído, os femicídios permanecem estáveis e frequentemente estão ligados a relações familiares ou emocionais. Em 2024, o Ministério do Interior italiano registou 99 assassinatos de mulheres cometidos por familiares ou parceiros, o que demonstra a necessidade de uma abordagem mais profunda para combater a violência de género. A situação é ainda mais preocupante quando se considera que a Itália caiu para o 14º lugar no Índice de Igualdade de Género da União Europeia, abaixo da média comunitária.
A família de Giulia Cecchettin, outra jovem assassinada em novembro de 2023, tem sido uma voz ativa na luta contra a impunidade da violência de género. O pai de Giulia, Gino Cecchettin, expressou a sua dor e indignação, comparando o caso da filha com o de Sara Campanella e exigindo ações mais eficazes para combater o femicídio. Ele critica a falta de reconhecimento do assédio como um crime grave e apela a uma mudança cultural que permita às mulheres viverem sem medo de violência.
Especialistas em saúde pública, como a médica Giorgia Gabrielli, defendem a introdução de educação sexual e afetiva nas escolas, bem como formação obrigatória para autoridades e juízes sobre violência de género. Gabrielli argumenta que a educação desde cedo sobre respeito e igualdade pode ser um investimento crucial na prevenção da violência. Além disso, ela destaca a importância de ordens de proteção mais eficazes e de um sistema judicial que trate as vítimas com seriedade e respeito.
A proposta de lei que criminaliza o femicídio é um passo importante, mas muitos acreditam que é apenas uma parte de um conjunto mais amplo de intervenções necessárias. A luta contra a violência de género em Itália requer um esforço conjunto da sociedade, das instituições e do governo, para que as mulheres possam viver em segurança e dignidade.
Resumo
O aumento alarmante de casos de femicídio em Itália, evidenciado pelos assassinatos de Sara Campanella e Ilaria Sula, destaca a urgência de uma resposta eficaz às questões de violência de género. Desde o início do ano, 11 femicídios foram registados, com cinco ocorrendo após o Dia Internacional da Mulher. O governo italiano, sob a liderança da primeira-ministra Giorgia Meloni, aprovou uma proposta de lei que define o femicídio no direito penal, prevendo penas de prisão perpétua, mas a eficácia desta medida é contestada. Especialistas sugerem que a abordagem deve incluir educação e prevenção, com ênfase na formação de autoridades e juízes sobre a violência de género. A situação é agravada pela queda da Itália no Índice de Igualdade de Género da União Europeia. A luta contra a violência de género exige um esforço conjunto da sociedade e das instituições para garantir a segurança e dignidade das mulheres.