Investigação sobre tiroteio em Gaza resulta em protestos internacionais

Exército israelita investiga tiroteio que matou 15 socorristas em Gaza, gerando apelos por responsabilidade e cessar-fogo.

há 2 dias
Investigação sobre tiroteio em Gaza resulta em protestos internacionais

© يورونيوز

Resumo

O chefe do Estado-Maior israelita, tenente-general Eyal Zamir, anunciou uma investigação sobre o tiroteio de 23 de março, onde 15 socorristas e trabalhadores humanitários foram mortos por soldados israelitas em Gaza. O exército israelita alegou que o fogo foi aberto devido a uma ameaça percebida, enquanto o Crescente Vermelho Palestiniano denunciou um ataque intencional. A ONU e o Crescente Vermelho confirmaram que entre os mortos estavam membros de várias organizações humanitárias. A situação humanitária em Gaza é alarmante, com líderes da ONU a apelarem por ações decisivas, uma vez que mais de 2,1 milhões de pessoas estão em condições críticas, sem abastecimentos e enfrentando bombardeamentos. A crise da água também se agravou, com a quota per capita a cair drasticamente. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu um novo cessar-fogo e a libertação de reféns, enquanto os Estados Unidos suspenderam programas humanitários, aumentando as preocupações sobre a assistência na região.

O chefe do Estado-Maior israelita, tenente-general Eyal Zamir, anunciou hoje a abertura de uma investigação aprofundada sobre o tiroteio que ocorreu a 23 de março, quando soldados israelitas dispararam contra ambulâncias no sul da Faixa de Gaza, resultando na morte de 15 socorristas e trabalhadores humanitários. O exército israelita divulgou um comunicado afirmando que a investigação preliminar indicou que as tropas abriram fogo devido à perceção de uma ameaça. No entanto, o Crescente Vermelho Palestiniano denunciou que os socorristas foram alvo de fogo intencional, com a intenção de matar.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Crescente Vermelho confirmaram que entre os mortos estavam oito membros do Crescente Vermelho Palestiniano, seis da Defesa Civil de Gaza e um funcionário da agência da ONU para refugiados palestinianos (UNRWA). O exército israelita, por sua vez, justificou que entre os mortos estavam seis terroristas do Hamas, o que gerou protestos internacionais. O presidente do Crescente Vermelho Palestiniano, Younis al-Khatib, apelou à formação de uma comissão internacional independente para investigar as circunstâncias do ataque.

O governo alemão também se manifestou, exigindo uma investigação urgente sobre a morte dos socorristas. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Christian Wagner, destacou a gravidade das acusações e a necessidade de responsabilização. Israel tem acusado o Hamas de usar ambulâncias para esconder combatentes, uma alegação que o pessoal médico refuta.

A situação humanitária na Faixa de Gaza continua a deteriorar-se, com líderes de seis agências da ONU a apelar a ações decisivas para enfrentar o "total desrespeito pela vida humana" na região. A declaração conjunta sublinha que, há mais de um mês, não entra nenhum abastecimento comercial ou humanitário em Gaza, deixando mais de 2,1 milhões de pessoas encurraladas e sujeitas a bombardeamentos e fome. Os representantes da ONU relataram que mais de 1.000 crianças foram mortas ou feridas em apenas uma semana após o colapso do cessar-fogo, o que representa o maior número de mortes infantis em Gaza nos últimos 12 meses.

A crise da água em Gaza também se agravou, com um relatório oficial palestiniano a revelar que a quota de água per capita caiu 97%, passando de 84,6 litros por dia antes da guerra para apenas 3 a 15 litros atualmente. A destruição da infraestrutura de água e a falta de combustível para operar poços tornaram a situação insustentável. As autoridades de Gaza afirmam que mais de 50.700 palestinianos já perderam a vida desde o início da guerra, que começou após um ataque sem precedentes do Hamas a Israel em outubro de 2023.

O presidente francês, Emmanuel Macron, também se juntou ao coro de apelos por um novo cessar-fogo e pela libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, durante uma reunião no Cairo com o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sissi. Macron enfatizou a necessidade de retomar as negociações de forma construtiva e elogiou os esforços do Egito para alcançar um cessar-fogo.

Enquanto isso, os Estados Unidos notificaram o Programa Alimentar Mundial (PAM) sobre o encerramento de alguns dos últimos programas humanitários vitais no Médio Oriente, o que levanta preocupações adicionais sobre a assistência humanitária na região. A situação em Gaza continua a ser crítica, com a população a enfrentar desafios sem precedentes em termos de segurança, saúde e acesso a recursos básicos.