Crise humanitária no Sudão do Sul afeta 7,7 milhões de pessoas

Sudão do Sul enfrenta fome extrema e violência, com 7,7 milhões em risco.

há aproximadamente 16 horas
Crise humanitária no Sudão do Sul afeta 7,7 milhões de pessoas

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Resumo

O Sudão do Sul enfrenta uma crise humanitária alarmante, com cerca de 7,7 milhões de pessoas a viverem em condições de fome extrema, segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM). A diretora da agência da ONU no país, Mary-Ellen McGroarty, destacou que a insegurança alimentar afeta mais da metade da população, agravada por conflitos armados e divisões políticas. A violência forçou comunidades a abandonarem suas casas, especialmente nas regiões mais vulneráveis. O PAM relatou dificuldades em alcançar 213.000 pessoas devido à escalada da violência, com o acesso a áreas remotas sendo um desafio. Além disso, o Sudão do Sul enfrenta um surto de cólera, que já causou a morte de pelo menos 871 pessoas desde outubro. A situação é crítica, especialmente no estado de Jonglei, onde centros de saúde estão fechados ou operam com recursos limitados. A instabilidade no país, que se tornou independente em 2011, continua a ser exacerbada por conflitos internos e desastres naturais, levando à necessidade urgente de apoio internacional. McGroarty apelou por uma resposta global à crise, enfatizando que o povo do Sudão do Sul merece liberdade do conflito e da fome.

O Sudão do Sul enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com quase 7,7 milhões de pessoas a viverem em condições de fome extrema, conforme alertou o Programa Alimentar Mundial (PAM) em um briefing realizado hoje em Juba. A diretora da agência da ONU no país, Mary-Ellen McGroarty, descreveu a situação como uma das piores já registradas, destacando que mais da metade da população está severamente afetada pela insegurança alimentar, exacerbada por conflitos armados e divisões políticas.

A violência tem forçado comunidades inteiras a abandonarem suas casas, especialmente nas regiões mais vulneráveis e com maior insegurança alimentar. McGroarty enfatizou que o país está entrando em um período crítico, onde a fome atinge seu pico anual. "Estamos seriamente num ponto crítico", afirmou, ressaltando que muitas famílias nas áreas de conflito não conseguem garantir nem uma refeição por dia. O impacto devastador do conflito no aumento da fome é visível, com cerca de 100.000 pessoas já obrigadas a fugir de suas residências no Alto Nilo.

As operações do PAM foram severamente afetadas, com a agência incapaz de alcançar mais de 213.000 pessoas devido à escalada da violência em seis condados. O acesso a algumas das áreas mais remotas do Sudão do Sul é extremamente difícil, e a falta de infraestrutura viária torna a entrega de alimentos um desafio. "Quando trazemos comida, precisamos de a trazer pelo rio ou pelo ar", explicou McGroarty, que também relatou o roubo de mais de 100 toneladas métricas de alimentos, recursos que eram destinados a crianças em situação de desnutrição.

Além da insegurança alimentar, o Sudão do Sul, rico em petróleo, enfrenta os efeitos das alterações climáticas e um surto de cólera que representa uma ameaça adicional à saúde pública. Desde outubro, pelo menos 871 pessoas morreram devido à cólera, com a ONG Save the Children associando algumas dessas mortes a cortes de ajuda humanitária. A situação é particularmente grave no estado de Jonglei, onde centros de saúde foram fechados e outros operam com recursos limitados.

A instabilidade no Sudão do Sul, que se tornou independente do Sudão em 2011, foi acentuada por um conflito que resultou na morte de cerca de 400 mil pessoas e que, apesar de um acordo de paz assinado em 2018, continua a afetar a vida dos cidadãos. O país abriga também mais de um milhão de deslocados do Sudão, que enfrenta sua própria guerra, complicando ainda mais a situação humanitária.

Com a combinação de conflitos internos, desastres naturais e a falta de assistência adequada, a população do Sudão do Sul clama por apoio e intervenção internacional. "O povo do Sudão do Sul merece a liberdade da prisão do conflito e da fome", concluiu McGroarty, pedindo uma resposta global à crise que afeta milhões de vidas.